quinta-feira, julho 20, 2006

Dia do Amigo

Hoje é o dia do amigo. Eu tenho pelo menos dois posts atrasados pra colocar aqui (um domingo de museus e programa de índio e o do fim-de-semana passado no Algarve), mas não posso deixar essa data passar em branco.
Apesar de longe da graaaande maioria dos meus amigos, queria dizer algo pra eles. E também para os novos amigos que aqui fiz, que tem sido muito importantes nessa adaptação a um novo país, a tentar estabelecer uma nova rotina...
"Roubei" esse texto da página do Drebes e ele diz muito do que queria dizer pra vocês.
Brigada mesmo, gente!

Amigos
Vinicius de Moraes (1913-1980)

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.

E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências…

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.

Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.

Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo!

Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer…

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os.

4 comentários:

Gustavo disse...

Bah Kaqui, que texto bom. Realmente os poetas tem o dom de trazer para o papel o que nos, simples mortais nao conseguimos expressar nem com gestos.

Baita post!

Rafael Huff disse...

Bem legal o texto! Tive vontade de "roubar" para o meu blog tb. :)

Legal a idéia do natal com os "nerds das europa". Vamos manter contato para saber o que cada um vai fazer até lá...

Boa sorte com o teu exame de qualificação!

Andre disse...

Muito bom mesmo! Eu tb tive vontade de 'roubar' o texto, mas como jah 'roubei' o mapa, deixa assim! ;)

Unknown disse...

Como assim? Tu pega o "meu" textinho e ainda fica reclamando do mapinha... ? :D